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2 de maio de 2024
 
 
 
Actividades Nacionais

A Polisário está sendo analisado pelo Corcas

A criação do Conselho Real Consultivo para os Assuntos Sarianos (Corcas) contribuiu realmente para a evolução do dossier do Sara? Que resultados pôde atingir esta instituição criada por SM o Rei, em 25 de Março de 2006? Balanço das realizações com Khallihanna Ould Errachid, presidente do Corcas.


A Polisário está sendo analisado pelo Corcas

A criação do Conselho Real Consultivo para os Assuntos Sarianos (Corcas) contribuiu realmente para a evolução do dossier do Sara? Que resultados pôde atingir esta instituição criada por SM o Rei, em 25 de Março de 2006? Balanço das realizações com Khallihanna Ould Errachid, presidente do Corcas.

Aujourd´hui Le Maroc- ALM: Qual é o  balanço que faz da sua acção como presidente do  Conselho Real Consultivo para os Assuntos Sarianos ?

- Khallihanna Ould Errachid: Em três meses, obtivemos resultados altamente  positivos. No início, instalamos as estruturas do Conselho, realizamos  uma sessão para eleger os órgãos, isto é, os Vice-Presidentes, elaboramos o  regulamento interno, efectuamos uma sessão extraordinária relativa ao projecto de autonomia, e em seguida foi feita uma enorme campanha de comunicação tanto a nível interno como no exterior do país.

A nível interno, realizamos uma  viagem de prospecção às províncias do Sul para explicar os objectivos e a missão do Conselho que nos foram confiados por SM o Rei. Avistamo-nos com as populações para debater problemas de ordem política, social, económica, bem como dos direitos do Homem. Intervimos junto de SM o Rei para solicitar uma amnistia para os prisioneiros implicados nos últimos acontecimentos que tiveram lugar nas províncias do Sul. Esta viagem teve por objectivo um trabalho de apaziguamento generalizado. Explicamos às pessoas os seus direitos no que se refere à liberdade de expressão e de opinião, e fizemos questão em pedir que não confundissem esta liberdade com violência. Esta explicação era necessária. Este trabalho, em resumo, suscitou um sentimento de  esperança nas pessoas, pela mudança de situação, originada pelo projecto de autonomia, e os direitos que esta garante… Tudo isto fez com que as pessoas vissem o futuro com muita esperança e optimismo. Deixou de pairar o vazio político. As pessoas sabem que há um organismo junto de SM o Rei que pensa nos seus problemas económicos, políticos, sociais e culturais. E é exactamente isso que gerou o sentimento de esperança. E uma das primeiras medidas concretas que suscitou esta esperança, é a amnistia decidida por SM o Rei.

ALM- No que se refere à sessão extraordinária relativa ao projecto d’autonomia, as propostas apresentadas pelos membros do Conselho estão à altura das suas expectativas?

Khalihenna Ouald Errachid- É a primeira vez que os habitantes do Sul debatem o projecto de autonomia. É verdadeiramente algo de novo. De todas estas intervenções, nasceram muitas idéias e propostas que formarão a primeira amálgama. E este documento será submetido a um grupo de trabalho. Continuamos a  trabalhar regularmente sobre a coordenação destas intervenções. O grupo de trabalho vai preparar o texto. Estamos ainda nesta fase. Assinalo que as intervenções se realizaram a portas fechadas durante três dias: 25, 26 e 27 de Maio de 2006. É verdade que no primeiro dia, todos hesitavam em falar de novas ideias. É por isso que as intervenções do primeiro dia eram tímidas, mas logo após o primeiro dia, as línguas desenrolaram-se.

ALM- Qual é a sua idéia sobre a autonomia?

Khalihenna Ouald Errachid- Há competências que são da exclusividade do Estado e, por conseguinte, indiscutíveis, isto é, os atributos reais da soberania nacional (Negócios Estrangeiros, Defesa, bandeira, timbres, etc.). E em seguida, há as competências exclusivas da futura entidade autónoma. Depois, há competências compartilhadas, particularmente no domínio da economia.

ALM- Continua a manter a sugestão  de Mohamed Abdelaziz para a presidência da futura entidade autónoma?

Khalihenna Ouald Errachid- Concerteza. A nossa missão é reconciliadora  O projecto de autonomia tem como objectivo resolver o conflito do Sara de maneira pacífica, sem vencedor nem vencido e no respeito da dignidade de todas as partes.

ALM- Por que Mohamed Abdelaziz ainda não respondeu a esta proposta?

Khalhenna Ouald Errachid- Penso que ele está a refletir sobre o assunto, mas isso necessita de tempo, evidentemente...

ALM- Já alguma vez se imaginou no papel de presidente desta entidade autónoma?

Khalihenna Ouald Errachid- Poderia responder-lhe, se não tivesse a responsabilidade da presidência do Conselho. Qualquer resposta da minha parte seria interpretada como uma posição, por conseguinte não posso dá-la...

ALM- Sempre afirmou que o conflito em torno do Sara é uma questão interna do país. A Argélia não está envolvida neste conflito?

Khalihenna Ould Errachid- O conflito em torno do Sara é um conflito interno de Marrocos. Digo-lhe isto porque é a verdade, a causa deste conflito é esta grande oposição entre o poder e as diferentes oposições. Podemos considerá-lo como uma das partes dos anos de chumbo. Fomos exumar o passado, a Polisário nasceu do nosso passado de há 36 anos atrás, dos nossos conflitos e confrontações internas. É uma das ramificações  internas que ainda não se inseriu na reconciliação geral que se tem verificado em Marrocos desde a chegada ao poder de Sua Majestade o Rei Mohammed VI. Isto dá a idéia de ser um conflito interno. Este problema tem durado porque, evidentemente, foi-lhe dada uma dimensão internacional, há outras partes implicadas, não lhe darei os nomes destas partes, mas posso dizer-lhe que não se trata só da Argélia. E isto resultou, naturalmente, dos diversos e múltiplos conflitos ideológicos inter árabes dos anos 70, muito embora sejam os  intelectuais e os historiadores que têm competência para explicar as verdadeiras origens deste conflito. Mas isto, só será possível  quando todos os espíritos que viveram este  período se tiverem acalmado definitivamente e os historiadores tiverem tratado todos estes  acontecimentos como matéria histórica, não magoando ninguém.

ALM- O Senhor diz que a Argélia não está implicada. Então, porque decidiu entrar em contacto com o poder argelino? A sua posição não é contraditória?

Khalihenna Ouald Errachid- A  própria Argélia diz que não está envolvida.  E eu vejo-me obrigado a acreditarr. E é necessário acreditar no que a Argélia diz,  para que o conflito seja resolvido. A Argélia também é vítima de um contexto e houve muitos muros psicológicos que se construíram entre nós. Temos que derrubar estes muros para o bem do Magrebe em geral, e para o bem de Marrocos e da Argélia em particular. Agora, no que diz respeito à contradição, não existe. A Polisário e os campos de Tindouf encontram-se na Argélia, e a Argélia, como é do conhecimento de todos, tem uma certa influência sobre os líderes da Frente Polisário. Desejo deslocar-me à Argélia para dizer aos seus líderes que a Frente Polisário não é o representante exclusivo, único e legítimo, do povo saraui, e que a esmagadora maioria do povo saraui respeita a Argélia e deseja que a Argélia utilize a sua influência moral junto dos líderes da Frente Polisário para lhes inculcar melhores sentimentos e concluir uma paz definitiva que preserve os interesses de todas as partes e de onde todos sairão vencedores. E esta solução será a autonomia, à qual eu dou o nome de solução-milagre, porque todos terão conseguido alcançar uma maturidade através da reconciliação definitiva, sem se atardarem sobre o passado para, finalmente, procederem à edificação do Magrebe, de Nouakchott a Benghazi, passando evidentemente por Laâyoune. Resumidamente, farei apelo aos bons oficios da Argélia.

ALM- Emergiram divergências no Conselho a respeito das missões de trabalho no estrangeiro, nomeadamente no que se refere à designação dos membros das delegações. Como explica estas divergências?

Khalihenna Ouald Errachid- A constituição das delegações incumbe ao presidente. O presidente designa as pessoas que ele julga mais aptas a alcançarem o êxito da etapa em causa. E,  caso se torne necessário, poderei mesmo recorrer a pessoas que não são membros do Conselho.

ALM- Qual é o seu balanço da missão diplomática do Conselho no estrangeiro?

Kalihenna Ouald Errachid- Demos inicio a esta missão através de um encontro com o presidente da República Popular da China, aquando da sua visita a Marrocos. Foi esta a nossa primeira actividade diplomática. E em seguida, após uma visita a França e a Madrid, recebemos em Rabat uma delegação do Alto Comissariado dos Direitos do Homem da ONU.

Visitamos também a Bélgica e as instituições da Europa (Conselho da Europa, Comissão Europeia e Parlamento da Europa), e recebemos em Rabat o Embaixador dos Estados Unidos. Durante estas viagens, encontramos responsáveis políticos e deputados, líderes de partidos políticos (tanto da maioria como da oposição). Explicamos aos nossos interlocutores a missão que SM o Rei atribuiu ao Conselho, e o projecto de autonomia como solução definitiva para o  conflito do Sara. Paralelamente a estas visitas, realizamos vários encontros com os órgãos dos meios de comunicação social, os actores da sociedade civil e os think tank europeus. Todos os interlocutores, efectivamente, acolheram positivamente a criação do Conselho e todos procuram uma solução definitiva e louvável para este conflito que já durou demasiado tempo. Todos pensam que o projecto de autonomia corresponde perfeitamente à solução política consensual procurada pelas Nações Unidas.
Todos, sem excepção, desejam ardentemente que este problema seja resolvido o mais depressa possível porque todos querem ver o Magrebe levantado, capaz de servir de interlocutor do resto do mundo. 

ALM- As suas saídas mediáticas suscitam movimentos. Em que sentido os seus discursos incomodam?

Khalihenna Ouald Errachid- Os meus discursos são fora do comum. Não falo a língua assim. Porque  creio firmemente que é a melhor maneira para encontrar uma solução definitiva para o conflito do Sara é de tratar de preservar a dignidade de todos. Mas se alguém me apresentar uma melhor idéia, vou aceitá-la, não é..

Por: M’Hamed Hamrouch

 

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