A Sua Majestade declarou ainda "com toda a clareza e responsabilidade que hoje Marrocos é disposto a entrar num diálogo direto e franco com a irmã Argélia, a fim de superar as diferenças do momento e os objetivos que impedem o desenvolvimento de relações entre os dois países." A este respeito, Sua Majestade o Rei sugeriu que "os nossos irmãos na Argélia possam criar um aparelho político comum de diálogo e consultas", confirmando que o Marrocos, disposto e aberto para acolher às propostas e iniciativas que a Argélia pode fazer para superar o impasse.
Explicando que o papel deste aparelho" é "de engajar num estudo de todas as questões, francamente, objetivamente, com sinceridade e boa fé, com abertura e sem condições ou exceções" O que pode constituir – acrescentou a sua Majestade "um quadro prático para a cooperação, sobre várias questões bilaterais, especialmente em termos de oportunidades de investimento e potencialidade que a região do Magrebe disponha ".
Além disso a Sua Majestade anotou ainda que o papel deste aparelho político é de contribuir" para o fortalecimento da coordenação e das consultas bilaterais para levantar os desafios regionais e internacionais, sobretudo no que diz respeito à luta contra o terrorismo e o problema da imigração '. O soberano reiterou mais uma vez o compromisso para ' Trabalhar de mãos dadas com nossos irmãos da Argélia, no âmbito do pleno respeito das instituições nacionais. "considerando", a Argélia, sua liderança e seu povo, e no que nós une em termos de sentimentos comum e apreço, assim o Marrocos não vai poupar nenhum esforço, a fim de estabelecer nossas relações bilaterais com bases sólidas,com confiança, solidariedade e boa vizinhança, em conformidade com o dito profético: ((o Anjo Gabriel continua a aconselhar sobre o vizinho até que se pensa que ia herdê-lo)) ".
Eis a seguir o texto
integral do discurso real:
Louvado seja
Deus, que a oração e salvação esteja sobre o Profeta, sua família e seus
companheiros.
Caro povo,
A nossa
abordagem é a gestão dos grandes assuntos do país, um trabalho sério e no
sentido da responsabilidade no plano interno e nos princípios de clareza e ambição
que orientam nossa política externa.
Esses fundamentos têm
constantemente sustentado nossa ação; eles são sempre inspirados de nossas posições e
nossas reações junto a todos, notadamente no sentido de nossos irmãos, amigos e
vizinhos.
A este
respeito, gostaria de voltar ao estado de divisão e discórdia que actualmente se
vê no espaço magrebino. O que se
inscreve na oposição flagrante e insana no
que une nossos povos, em termos de laços de fraternidade, de identidade
religiosa, de língua e história, um destino comum.
Este estado
contrastivo com a ambição de concretizar o ideal comum e Magrebino, que
inspirou a geração para a libertação e a independência, ambição que se incarnou
em 1958 pela Conferência de Tânger, pelo qual celebramos o sexagésimo aniversário.
Bem antes,
o suporte do Reino à Revolução Argelina tem contribuído a fortalecer as relações entre
o trono marroquino e a resistência argelina. Tem sido também um elemento
fundador da consciência magrebina e da ação política comum.
Desde
muitos anos e até a restabelecimento da independência, lado a lado, nos
levantamos contra o colonizador em uma luta comum; e nos nos conhecemos bem. Além disso, muitas
famílias marroquinas e argelinas compartilham laços de sangue e parentesco.
Sabemos
também que o interesse dos nossos povos reside na sua unidade,
complementaridade e integração; e não há necessidade de um terceiro faz parte
entre nós, os intercessores ou os mediadores.
No entanto,
devemos ser realistas e concordar que as relações entre os nossos dois países escapam
a normalidade, criando uma situação inaceitável.
Deus é
minha testemunha que desde minha ascensão ao trono, chamei com sinceridade e
boa fé para a abertura de fronteiras entre os dois países, para a normalização
de relações marroquino-argelinas.
É, portanto,
de forma clara e com toda responsabilidade que eu declaro hoje a disposição de
Marrocos de diálogo direto e franco com a irmã Argélia, para ultrapassar as
diferenças conjunturais e as questões que dificultam o desenvolvimento de
nossas relações.
Para tanto, propondo aos nossos irmãos da Argélia a criação de um mecanismo político conjunto para o
diálogo e a consulta. O nível de representação dentro desta estrutura, seu
formato e sua natureza devem ser acordados.
O Marrocos é aberto para
quaisquer propostas e iniciativas provenientes da Argélia para neutralizar o
bloqueio no qual se encontram as relações entre os dois países vizinhos irmãos.
Sob o seu
mandato, este mecanismo deverá se engajar a examinar todas as questões bilaterais, com
franqueza, objetividade, sinceridade e boa fé, sem condições ou exceções, de
acordo com uma agenda aberta.
Poderia ser
o quadro prático para a cooperação, concentrada sobre as diferentes questões bilaterais,
notadamente aquela que é lidada á valorização das oportunidades e das potencialidades
de desenvolvimento na região do Magrebe.
Seu papel será também
de contribuir para o fortalecimento do diálogo e da coordenação bilateral, a
fim de enfrentar efetivamente os desafios regionais e internacionais,
especialmente aqueles relacionados à luta contra o terrorismo e as questões
migratórias.
Neste
sentido, reiteramos nosso compromisso de trabalhar de mãos dadas com nossos
irmãos na Argélia, com respeito ás instituições nacionais de seu país.
Com a nossa
afecção e respeito á Argélia, a sua liderança e ao seu povo, não pouparemos nenhum esforço, para o Marrocos estabelecer as
relações bilaterais sólidas, baseadas na confiança, na solidariedade e na boa vizinhança,
inspirado na palavra de nosso avô, que a paz e salvação esteja sobre ele,
"O anjo Gabriel me tem muito
recomendado para ser bem ligado com os meus vizinhos o que levo a creer que ia
me tornar meus próprios herdeiros."
Caro povo,
O lançamento da Marcha
Verde pela qual celebramos hoje o 43º aniversário marcou um ponto de inflexão
na luta contínua pela conclusão da integridade territorial do país.
Esse circo militante
foi caracterizada por uma perfeita simbiose entre o trono e o povo, e sobretudo
pela natureza pacífica da recuperação gradual de nossas províncias do sul.
De fato, em
abril passado, nós comemoramos o sexagésimo aniversário da recuperação de
Tarfaya. Em poucos meses, nós celebraremos sucessivamente o quinquagésimo
aniversário da recuperação de Sidi Ifni e o quadragésimo aniversário da
reintegração de Oued Eddahab.
Estes
acontecimentos históricos constituíram uma oportunidade para que todo o povo
marroquino e, em particular, as tribos sarauis manifestassem uma unanimidade
sem precedentes de empenho a favor do Saara marroquino.
Hoje, estam
colmatando o fosso entre o passado e o presente com a mesma vontade de defender
a nossa integridade territorial. Comprometidos com a mesma clareza de espírito,
da mesma ambição, impulsionada pelo mesmo senso de compromisso responsável e de
trabalho sério, tanto a favor da ONU quanto no nível interno.
Essa
clareza da qual nos prevalecemos é
ilustrada pelos princípios e referências imutáveis que constituem o
fundamento da posição marroquina, aquele que definimos no discurso pronunciado
pela ocasião do quadragésimo segundo aniversário da Marcha Verde. São esses
mesmos fundamentos que sempre guiaram nossa ação até agora.
Essa clareza na qual
nos prevalecemos também se manifesta na extrema firmeza e rigor do qual fazermos
prova face a qualquer abuso, ou a qualquer fonte que possa ser, que possa minar
os direitos legítimos do Marrocos ou prejudicar o processo de solução, dos
termos de referência definidos.
Quanto à
ambição que nos impulsiona nesta matéria, reflecte-se na cooperação sincera de
Marrocos com o Secretário-Geral das Nações Unidas, bem como no apoio aos
esforços do seu enviado pessoal para lançar as bases de um processo político
sério e credível.
Também se
manifesta através das iniciativas construtivas de Marrocos e da sua generosa
atenção aos apelos internacionais para uma solução política duradoura, que leva
o selo do realismo e do compromisso e no quadro da Iniciativa de Autonomia.
O Marrocos
acredita firmemente na necessidade de que as Nações Unidas aproveitem as lições
e experiências do passado através de seus esforços incansáveis evitar o
bloqueio e falhas que conheceu o processo " Manhasset".
No nível
interno, continuaremos a trabalhar para acabar com a política de concessão de renda
e privilégios, para denunciar todas as formas de extorsão sub a pretexto da
integridade territorial do Reino ou da sua instrumentalização.
Além disso,
não pouparmos nenhum esforço para garantir o desenvolvimento de nossas
Províncias do Sul, no quadro do novo modelo de desenvolvimento. Porque queremos
que o Saara Marroquino reviva sua vocação
secular: ser o elo precursor entre Marrocos e sua profundidade africana,
geográfica e histórica.
Paralelamente,
a implementação operacional da regionalização avançada contribui para o
surgimento de uma verdadeira elite política, que assegura uma representação
democrática efetiva dos habitantes do Saara e que, num clima de liberdade e
estabilidade, os coloca em condições de exercer seu direito de forma autônoma en
relação aos seus assuntos locais e ao desenvolvimento
integrado de sua região.
Caro povo,
Na mesma linha, a
nossa decisão foi de inscrever o retorno
do nosso país à União Africana numa lógica de clareza e ambição.
De fato, a decisão de
Marrocos de reintegrar sua família institucional não se destinava apenas a
defender a causa do Saara marroquino, uma vez que a maioria dos estados
africanos já compartilha a posição de Marrocos a esse respeito.
Outra vontade é o
nosso orgulho de pertencer à África, essa abordagem foi motivada pela nossa
adesão à dinâmica do desenvolvimento em prol do continente, preocupados em enfrentar os múltiplos desafios, sem renunciar
aos nossos direitos legítimos e aos nossos superiores interesses.
A este
respeito, Saudamos as resoluções da última Cimeira dos Chefes de Estado e de
Governo da União Africana, realizada em Nouakchott, uma vez que estão em
conformidade com as posições e os princípios internacionais pertinentes.
Esta
posição construtiva, imbuída de sabedoria e visão, enfrenta as manobras
excessivas que, no seio da União Africana, fazem perder para a África e para os
seus povos o tempo precioso, que podia ser aproveitado para promover o
desenvolvimento dos países africanos e sua integração.
No mesmo
estado de espírito, o Marrocos trabalhará para desenvolver parcerias econômicas
eficientes, gerando riqueza, com diferentes países e vários grupos econômicos,
incluindo a União Européia. No entanto, não aceitaremos nada que possa
prejudicar nossa integridade territorial.
Acima de
tudo, é importante para nós que estas parcerias sejam expressamente benéficas
e, em primeiro lugar o povo do Saara marroquino, tendo um impacto positivo seja
nas suas condições de vida e permitindo-lhes desfrutar, dentro de seu país, de um
clima de liberdade e dignidade.
Caro povo,
A
comemoração do aniversário da Marcha Verde vai além do significado simbólico e
da dimensão patriótica imprescritível, considerada a única celebração de um
acontecimento histórico.
De fato, o
épico da Marcha Verde é uma ilustração eloqüente do compromisso inabalável do
povo marroquino, perante o seu direito legítimo de definir a integridade
territorial do Reino, bem como o seu firme compromisso a defender os
sacrifícios necessários para assegurar seu cumprimento.
Esta orientação
constante e inabalável, enraizada no consenso nacional e na mobilização geral
se articulou em torno da vontade de assegurar o desenvolvimento integrado do
país, e preservar sua unidade, sua segurança e estabilidade.
É a melhor garantia de
fidelidade junto à memória imaculada do Artífice da Marcha Verde, Nosso
Venerável Pai, Sua Majestade o Rei Hassan II, que Deus esteja com a Sua santa
misericórdia alma, bem como com todos os valentes mártires da nação.
Wassalamou alaikum warahmatullahi