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3 de dezembro de 2024
 
 
 
Discursos Reais

O rei Mohammed VI dirigiu, terça-feira à nação um discurso pela ocasião do 43º aniversário da Marcha Verde.

 A Sua Majestade o Rei Mohammed VI sublinhou no seu discurso nesta terça-feira a disposição do Reino de Marrocos para entrar no "diálogo direto e franco" com a Argélia. Propondo a criação de um aparelho político conjunto para o diálogo e as consultas, a fim de superar as diferenças do momento e objetivos que impedem o desenvolvimento de relações entre os dois países. Sua Majestade o Rei declarou também em seu discurso por ocasião do quadragésimo terceiro aniversário da triunfante  Marcha verde, que desde que ele assumiu o trono de Seus antecessores, chamou com "honestidade e com boa fé" para a abertura da fronteira entre os dois países, e a normalização de relações argelino-marroquinas.



A Sua Majestade  declarou ainda "com toda a clareza e responsabilidade que  hoje Marrocos é disposto a entrar num diálogo direto e franco com a irmã Argélia, a fim de superar as diferenças do momento e os objetivos que impedem o desenvolvimento de relações entre os dois países." A este respeito, Sua Majestade o Rei sugeriu que "os nossos irmãos na Argélia possam criar um aparelho político comum  de diálogo e consultas", confirmando que o Marrocos, disposto e  aberto para acolher às propostas e iniciativas que a Argélia pode fazer para superar o impasse. 

Explicando que o papel deste aparelho" é "de engajar num estudo de todas as questões, francamente, objetivamente,  com sinceridade e boa fé,  com abertura e sem condições ou exceções" O que pode constituir – acrescentou a sua Majestade "um quadro prático para a cooperação, sobre várias questões bilaterais, especialmente em termos de oportunidades de investimento e potencialidade que a região do Magrebe disponha ".

Além disso a Sua Majestade anotou ainda que o papel deste aparelho político é de contribuir" para o fortalecimento da coordenação e das consultas bilaterais para levantar os desafios regionais e internacionais, sobretudo  no que diz respeito à luta contra o terrorismo e o problema da imigração '. O soberano reiterou mais uma vez o compromisso para ' Trabalhar de mãos dadas com nossos irmãos da Argélia, no âmbito do pleno respeito das instituições nacionais. "considerando", a Argélia, sua liderança e seu povo, e no que nós une em termos de sentimentos comum e apreço, assim o Marrocos não vai poupar nenhum esforço, a fim de estabelecer nossas relações bilaterais com bases sólidas,com confiança, solidariedade e boa vizinhança, em conformidade com o dito profético: ((o Anjo Gabriel continua  a aconselhar sobre o vizinho até que se pensa que ia herdê-lo)) ".

Eis a seguir o texto integral do discurso real:

Louvado seja Deus, que a oração e salvação esteja sobre o Profeta, sua família e seus companheiros.

Caro povo,

A nossa abordagem é a gestão dos grandes assuntos do país, um trabalho sério e no sentido da responsabilidade no plano interno e nos princípios de clareza e ambição que orientam nossa política externa.

Esses fundamentos têm constantemente sustentado nossa ação; eles  são sempre inspirados de nossas posições e nossas reações junto a todos, notadamente no sentido de nossos irmãos, amigos e vizinhos.

 A este respeito, gostaria de voltar ao estado de divisão e discórdia que actualmente se vê no espaço  magrebino. O que se inscreve na  oposição flagrante e insana no que une nossos povos, em termos de laços de fraternidade, de identidade religiosa, de língua e história, um destino comum.

Este estado contrastivo com a ambição de concretizar o ideal comum e Magrebino, que inspirou a geração para a libertação e a independência, ambição que se incarnou em 1958 pela Conferência de Tânger, pelo qual  celebramos o sexagésimo aniversário.

Bem antes, o suporte do Reino à Revolução Argelina  tem contribuído a fortalecer as relações entre o trono marroquino e a resistência argelina. Tem sido também um elemento fundador da consciência magrebina e da ação política comum.

Desde muitos anos e até a restabelecimento da independência, lado a lado, nos levantamos contra o colonizador em uma luta comum; e  nos nos conhecemos bem. Além disso, muitas famílias marroquinas e argelinas compartilham laços de sangue e parentesco.

Sabemos também que o interesse dos nossos povos reside na sua unidade, complementaridade e integração; e não há necessidade de um terceiro faz parte entre nós, os intercessores ou os mediadores.

No entanto, devemos ser realistas e concordar que as relações entre os nossos dois países escapam a normalidade, criando uma situação inaceitável.

Deus é minha testemunha que desde minha ascensão ao trono, chamei com sinceridade e boa fé para a abertura de fronteiras entre os dois países, para a normalização de relações marroquino-argelinas.

É, portanto, de forma clara e com toda responsabilidade que eu declaro hoje a disposição de Marrocos de diálogo direto e franco com a irmã Argélia, para ultrapassar as diferenças conjunturais e as questões que dificultam o desenvolvimento de nossas relações.

Para tanto, propondo aos nossos irmãos da Argélia a criação de um mecanismo político conjunto para o diálogo e a consulta. O nível de representação dentro desta estrutura, seu formato e sua natureza devem ser acordados.

O Marrocos é aberto para quaisquer propostas e iniciativas provenientes da Argélia para neutralizar o bloqueio no qual se encontram as relações entre os dois países vizinhos irmãos.

Sob o seu mandato, este mecanismo deverá se engajar  a examinar todas as questões bilaterais, com franqueza, objetividade, sinceridade e boa fé, sem condições ou exceções, de acordo com uma agenda aberta.

Poderia ser o quadro prático para a cooperação, concentrada sobre as diferentes questões bilaterais, notadamente aquela que é lidada á valorização das oportunidades e das potencialidades de desenvolvimento na região do Magrebe.

Seu papel será também de contribuir para o fortalecimento do diálogo e da coordenação bilateral, a fim de enfrentar efetivamente os desafios regionais e internacionais, especialmente aqueles relacionados à luta contra o terrorismo e as questões migratórias.

Neste sentido, reiteramos nosso compromisso de trabalhar de mãos dadas com nossos irmãos na Argélia, com respeito ás instituições nacionais de seu país.

Com a nossa afecção e respeito á Argélia, a sua liderança e ao seu povo, não pouparemos  nenhum esforço, para o Marrocos estabelecer as relações bilaterais sólidas, baseadas na confiança, na solidariedade e na boa vizinhança, inspirado na palavra de nosso avô, que a paz e salvação esteja sobre ele, "O anjo Gabriel me  tem muito recomendado para ser bem ligado com os meus vizinhos o que levo a creer que ia me tornar meus próprios herdeiros."

Caro povo,

O lançamento da Marcha Verde pela qual celebramos hoje o 43º aniversário marcou um ponto de inflexão na luta contínua pela conclusão da integridade territorial do país.

Esse circo militante foi caracterizada por uma perfeita simbiose entre o trono e o povo, e sobretudo pela natureza pacífica da recuperação gradual de nossas províncias do sul.

De fato, em abril passado, nós comemoramos o sexagésimo aniversário da recuperação de Tarfaya. Em poucos meses, nós celebraremos sucessivamente o quinquagésimo aniversário da recuperação de Sidi Ifni e o quadragésimo aniversário da reintegração de Oued Eddahab.

Estes acontecimentos históricos constituíram uma oportunidade para que todo o povo marroquino e, em particular, as tribos sarauis manifestassem uma unanimidade sem precedentes de empenho a favor do Saara marroquino.

Hoje, estam colmatando o fosso entre o passado e o presente com a mesma vontade de defender a nossa integridade territorial. Comprometidos com a mesma clareza de espírito, da mesma ambição, impulsionada pelo mesmo senso de compromisso responsável e de trabalho sério, tanto a favor da ONU quanto no nível interno.

Essa clareza da qual nos prevalecemos  é ilustrada pelos princípios e referências imutáveis ​​que constituem o fundamento da posição marroquina, aquele que definimos no discurso pronunciado pela ocasião do quadragésimo segundo aniversário da Marcha Verde. São esses mesmos fundamentos que sempre guiaram nossa ação até agora.

Essa clareza na qual nos prevalecemos também se manifesta na extrema firmeza e rigor do qual fazermos prova face a qualquer abuso, ou a qualquer fonte que possa ser, que possa minar os direitos legítimos do Marrocos ou prejudicar o processo de solução, dos termos de referência definidos.

Quanto à ambição que nos impulsiona nesta matéria, reflecte-se na cooperação sincera de Marrocos com o Secretário-Geral das Nações Unidas, bem como no apoio aos esforços do seu enviado pessoal para lançar as bases de um processo político sério e credível.

Também se manifesta através das iniciativas construtivas de Marrocos e da sua generosa atenção aos apelos internacionais para uma solução política duradoura, que leva o selo do realismo e do compromisso e no quadro da Iniciativa de Autonomia.

O Marrocos acredita firmemente na necessidade de que as Nações Unidas aproveitem as lições e experiências do passado através de seus esforços incansáveis ​​evitar o bloqueio e falhas que conheceu o processo " Manhasset".

No nível interno, continuaremos a trabalhar para acabar com a política de concessão de renda e privilégios, para denunciar todas as formas de extorsão sub a pretexto da integridade territorial do Reino ou da sua instrumentalização.

Além disso, não pouparmos nenhum esforço para garantir o desenvolvimento de nossas Províncias do Sul, no quadro do novo modelo de desenvolvimento. Porque queremos que o Saara Marroquino reviva sua  vocação secular: ser o elo precursor entre Marrocos e sua profundidade africana, geográfica e histórica.

Paralelamente, a implementação operacional da regionalização avançada contribui para o surgimento de uma verdadeira elite política, que assegura uma representação democrática efetiva dos habitantes do Saara e que, num clima de liberdade e estabilidade, os coloca em condições de exercer seu direito de forma autônoma en relação aos seus assuntos locais e  ao desenvolvimento integrado de sua região.

Caro povo,

Na mesma linha, a nossa decisão foi de inscrever  o retorno do nosso país à União Africana numa lógica de clareza e ambição.

De fato, a decisão de Marrocos de reintegrar sua família institucional não se destinava apenas a defender a causa do Saara marroquino, uma vez que a maioria dos estados africanos já compartilha a posição de Marrocos a esse respeito.

Outra vontade é o nosso orgulho de pertencer à África, essa abordagem foi motivada pela nossa adesão à dinâmica do desenvolvimento em prol do continente, preocupados em enfrentar os múltiplos desafios, sem renunciar aos nossos direitos legítimos e aos nossos superiores interesses.

A este respeito, Saudamos as resoluções da última Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, realizada em Nouakchott, uma vez que estão em conformidade com as posições e os princípios internacionais pertinentes.

Esta posição construtiva, imbuída de sabedoria e visão, enfrenta as manobras excessivas que, no seio da União Africana, fazem perder para a África e para os seus povos o tempo precioso, que podia ser aproveitado para promover o desenvolvimento dos países africanos e sua integração.

No mesmo estado de espírito, o Marrocos trabalhará para desenvolver parcerias econômicas eficientes, gerando riqueza, com diferentes países e vários grupos econômicos, incluindo a União Européia. No entanto, não aceitaremos nada que possa prejudicar nossa integridade territorial.

Acima de tudo, é importante para nós que estas parcerias sejam expressamente benéficas e, em primeiro lugar o povo do Saara marroquino, tendo um impacto positivo seja nas suas condições de vida e permitindo-lhes desfrutar, dentro de seu país, de um clima de liberdade e dignidade.

Caro povo,

A comemoração do aniversário da Marcha Verde vai além do significado simbólico e da dimensão patriótica imprescritível, considerada a única celebração de um acontecimento histórico.

De fato, o épico da Marcha Verde é uma ilustração eloqüente do compromisso inabalável do povo marroquino, perante o seu direito legítimo de definir a integridade territorial do Reino, bem como o seu firme compromisso a defender os sacrifícios necessários para assegurar seu cumprimento.

Esta orientação constante e inabalável, enraizada no consenso nacional e na mobilização geral se articulou em torno da vontade de assegurar o desenvolvimento integrado do país, e preservar sua unidade, sua segurança e estabilidade.

É a melhor garantia de fidelidade junto à memória imaculada do Artífice da Marcha Verde, Nosso Venerável Pai, Sua Majestade o Rei Hassan II, que Deus esteja com a Sua santa misericórdia alma, bem como com todos os valentes mártires da nação.

Wassalamou alaikum warahmatullahi

 

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