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10 de maio de 2024
 
 
 
Imprensa Escrita

A questão do Sara sempre foi abordada em termos de direito internacional, enquanto que outras dimensões importantes, tais como as relações sociais existentes entre as populações do Sara e o resto da sociedade marroquina, não foram objecto da atenção que merecem, considera o professor Mohamed Cherkaoui, que considera que erguer fronteiras entre o Sara e o resto de Marrocos é "sociologicamente absurdo".


Num artigo publicado na  quarta-feira  no diário US Washington Times, Mohamed Cherkaoui, que é director de investigação no Centro Nacional da Investigação Científica (CNRS-França), afirma que a região viveria uma tragédia humana se estas relações sociais viessem a ser quebradas, explicando que "sem o Sara, a história de Marrocos é incompreensível, e sem Marrocos, o Sara não é nada senão  um deserto".

Autor de um estudo sociológico e geopolítico sobre o Sara, intitulado "o Sara: Relações sociais e desafios geoestratégicos", dos quais é tirado este artigo, o Sr. Cherkaoui precisa que as conclusões sobre a integração das populações sarauis no tecido social marroquino são o fruto de uma análise que incidiu sobre todos os dados demográficos, económicos e sociológicos das quatro últimas décadas e utilizou os mais refinados métodos estatísticos e matemáticos.

"As conclusões deste estudo, vão todas no mesmo sentido, no da emergência e da consolidação de uma densa rede de relações sociais e económicas que integram as províncias do Sara, que o ajudaram a sair da pobreza na qual se encontravam durante a colonização, e lhes permitiram aceder à modernidade graças a uma política de discriminação positiva eficaz", afirma o Sr. Cherkaoui, que é também membro dos Comités de redacção de várias revistas internacionais.

Pondo em relevo o impacto do papel do poder público na melhoria do bem-estar das populações sarauis em diversos domínios, o autor do artigo menciona a redução dos índices de pobreza que são, escreve ele, "os mais baixos a nível nacional", e os indicadores do desenvolvimento social e humano que são "inegavelmente os mais elevados do reino".

Para consolidar as suas afirmações, Mohamed Cherkaoui menciona a elevada taxa de escolaridade e o número de estabelecimentos escolares nas províncias do Sara que, no tempo da colonização, se compunha apenas de algumas escolas primárias e sem um único estabelecimento secundário.
No entanto, para o autor, o melhor indicador da integração social nas províncias sarianas é incontestavelmente o intercâmbio matrimonial, uma conclusão à qual ele chegou após ter efectuado um inquérito e ter analisado cerca 30.000 contratos de casamento realizados desde os anos 1960 até  2006.

O resultado "surpreendente" deste estudo sobre o casamento endógamo e exógamo no Sara mostrou que a taxa dos casamentos endógamos não parou de baixar, passando de 97 porcento a 55 porcento durante os quarenta anos que abrangeram o estudo, fez ele observar.

"Erguer fronteiras entre o Sara Ocidental e as outras províncias do sul é sociologicamente absurdo", afirma Cherkaoui antes de prosseguir que "as populações do Sara consideram os outros Sarauis como membros das suas próprias famílias".

"Qualquer tentativa para separar famílias entre duas entidades políticas seria social, política e moralmente prejudicial aos direitos humanos destes indivíduos e à sua vontade evidente de viverem juntos", afirma o Sr. Cherkaoui.

Fonte: Corcas com MAP
- Actualidade relativa à questão do Sara ocidental -

 

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